Depois de uma semana que começou com tiros de 200m, seguido por trote regenarativo, corri ontem14Km, sem subidas e num ritmo que deveria ser leve conforme determinação da planilha, esta grande "eminência parda" que nos acompanha.

Corri sozinha, o que possibilitou que eu ditasse o ritmo que seria por pressuposto, o ideal para minha condição física e o desempenho esperado. Só que não...

Corri minha primeira prova logo após completar 3 meses de treino. Lembro-me da Mirian, minha querida e dedicada treinadora na época, a qual me acompanhou em boa parte do percurso de modestos 5km, dizer que eu não deveria me preocupar com os outros participantes para me ater a meu próprio ritmo o qual deveria crescer conforme a distância à chegada diminuisse. E lá fui eu, obediente as orientações e meio que deslumbrada com uma experiência até então inédita para mim. Essa obediência não durou muito. A partir de resultados pessoais surpreendentes obtidos nas provas de 10km que fiz na sequência, passei a correr de um modo arrojado, sempre contra-relógio.

A meu ver, toda ousadia envolve um certo risco nem sempre muito bem calculado e no meu caso, acabei desenvolvendo fisiologicamente uma alta tolerância ao cansaço, diagnosticado clinicamente através de um teste ergoexpirométrico e, ao contrário do que se pode pensar, isso não é bom porque em provas de longa distância como é o caso de maratona, acabo "quebrando" muito antes dos kms finais. Vários treinadores já tentaram, o Silvio, a Camila, o André, o Marcus Vinicius, me convencer de que para correr mais rápido, tenho que ir mais devagar...

Para não frustrar totalmente meus devotos treinadores, posso dizer que estou em busca deste equilíbrio mas posso dizer também que esta é uma batalha entre um lado equino e competitivo que aflora toda vez que se vê em liberdade e o outro lado que monta nesse cavalo e toma-lhe as rédeas.

Hoje é dia de manifestação. Dia de expressarmos nossas insatisfações com o atual estado das coisas e de identificarmos quem de fato está no comando.

*Eminência Parda: Pessoa que, atuando nos bastidores, exerce secretamente o poder. Designação daquele que permanece na sombra, sem aparecer em demasia, mas que através de maquinações e conchavos consegue força suficiente para influenciar de forma direta as decisões dos que estão legitimados no poder.

Para quem se interessar sobre o tema sugiro o livro de Aldous Huxley- "A Eminência Parda"