Retrospectiva (de 2008 a 2015)
- Denise Polonio 
- 14 de jan. de 2016
- 3 min de leitura
Desde que comecei a correr há quase 8 anos, não tenho idéia da kilometragem que já acumulei nos treinos e provas das quais participei. Com tenros 3 meses de treino fiz minha primeira prova de 5 km, na USP e daí por diante nunca mais parei. Confesso que ao iniciar na corrida não tinha intenção ou até mesmo interesse em participar de provas quanto mais de maratonas. E desde então perdi as contas de quantas foram as meias maratonas além das 4 Maratonas que entraram para a conta.
Meu debut em 21km foi na Meia Maratona da Cidade do Rio de Janeiro, concluída britanicamente em 2'00"00 e ao terminar, não encararia nem mais 100m correndo.
Comecei os treinos para minha primeira Maratona, que foi na cidade de Buenos Aires-Argentina, em 2011, temendo não conseguir finalizá-la e ao concluí-la em 4'11"04 me senti absolutamente realizada e com um cansaço contraditoriamente prazeroso. Difícil descrever a emoção de terminar uma maratona, pra alguém como eu, atleta amadora que ingressou tardiamente neste tipo de atividade física e que sequer imaginava correr mais do que 10km.
No ano seguinte, em outubro de 2012, com o tempo de 4'16"02 , cruzei os Portões de Brandemburgo em Berlim após 42km195m percorridos nas ruas de uma cidade que ostenta tantas cicatrizes históricas mas também com uma admirável capacidade de regeneração e redenção. Coincidentemente no período de preparação para esta prova, desenvolvi uma fibrose muscular que é uma lesão no músculo da coxa que ocorre em razão de traumatismos múltiplos formando uma cicatriz interna que me acompanhará pelo resto da vida, como a marca no chão deixada pelo muro de Berlim que por tantos anos buscou separar fisicamente duas ideologias.
A Maratona Internacional de Chicago me pareceu um bom objetivo para em 2013, tentar diminuir minha melhor marca para esta distância, já que apesar de não ser estreante, em Berlim, aumentei em 5 minutos meu tempo total, o que de certa forma me deixou um pouco frustrada. Já me considerando veterana neste tipo de prova, adquiri uma autoconfiança que ardilosamente me lançou à fazer todos os treinos sempre a contra-relógio e ao final desta prova, com minha pior marca e um cansaço que não experimentei nem na minha primeira Maratona, compreendi que a expansão de limites não se dá na base da força e da emoção mas sim de estratégia, a qual nos leva a pequenas porém importantes conquistas diárias.
O trauma por não ter melhorado meu tempo em Chicago fez com que eu desse a pausa de 1 ano sem correr maratona. Fiz algumas meias-maratonas e várias outras provas menos ambiciosas neste período de resguardo e em 2015 escolhi a Maratona do Sol da Meia Noite na Noruega, para tentar resgatar a poesia perdida ao correr obsessivamente contra o tempo nas tres maratonas anteriores que participei. Curiosamente, a principal motivação para esta foram os treinos, os quais geraram os argumentos para os posts deste blog, criado justamente para registrar minhas impressões e experiências até chegar o dia de desbravar um território tão distante quanto surpreendente. E assim conclui mais uma maratona, sem tanta festa nas ruas, correndo solitariamente a maior parte do tempo e com um estranho sol por testemunha, posso dizer que durante a jornada há muitos demônios que insistem em mostrar suas faces mas eles não me assutam mais porque já não me parecem tão feios assim.




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